Como educador, não pude deixar de ficar preocupado com a notícia do possível aumento da obrigatoriedade escolar, hoje dos 7 aos 14 anos, para dos 4 aos 17 anos de idade. O anúncio foi feito pelo atual Ministro da Educação, Fernando Haddad.
Mais detalhes podem ser lidos na coluna de Gilberto Dimenstein, na Folhaonline.
A atual crise no ensino público, resultado décadas de sucateamento progressivo das instituições de ensino por falta de investimentos e de políticas públicas, chegou a níveis alarmantes: alunos que concluem os primeiros ciclos da educação básica sem ser plenamente alfabetizados, analfabetos funcionais com certificado de ensino médio, elevados índices de repetência e de evasão escolar, vagas em universidades federais sem ser preenchidas por falta de pontuação, baixa qualidade do ensino superior público, despreparo dos professores, etc.
É facil apontar o principal culpado: o professor, claro (?)! Esse pobre coitado que, apesar de possuir curso superior, muitas vezes uma pós-graguação (isso apenas para conseguir um posto de trabalho), recebe o menor salário para um cargo de 3º grau do país, que para conseguir sobreviver tem que encarar jornada dupla ou tripla e que muitas vezes não conta com condições mínimas de trabalho. Não é de admirar que pouco tempo lhe reste para investir em requalificação.
Pobre do professor, não tem nem sequer direito a fazer greve para pressionar a administração, pois esta é considerada imediatamente ilegal, visto que a criança tem o direito de frequentar a escola. Sem falar no alto número de profissionais que trabalham em regime de designação temporária, cujo contrato pode ser cessado a qualquer momento sem que para tanto seja necessário um motivo grave (até mesmo a aderência a greve serve). E sem FGTS. É de se esperar que esse profissional não seja muito engajado em movimentos de luta por direitos da categoria.
É um paradoxo: a educação é considerada um serviço essencial, mas a qualidade deste serviço não é.
Faz sentido. O objetivo dos atuais investimentos na educação pública é gerar estatísticas, que por definição são um aspecto quantitativo, e não qualitativo. O governo paga por aquilo que quer, nada além.
Tendo que lidar com a extensão do ensino fundamental em um ano (ensino fundamental de 9 anos), para a qual as administrações municipais e estaduais tiveram 5 anos para se preparar (e não se prepararam), a perspectiva de um aumento da obrigatoriedade escolar para o novo patamar proposto assume ares de um armagedon.
O resultado? A menos que o aumento de ingressos na rede escolar seja acompanhado de investimentos na mesma proporção, o que parece improvável, haverá uma superlotação nas escolas e nova queda na qualidade de ensino público. Para os professores isso resultará num aumento de trabalho (mais alunos por sala) sem aumento de salário, ou seja, diminuição salarial.
A medida do governo, às vésperas de uma eleição presidencial, cuja propaganda eleitoral foi iniciada de maneira informal e imoral com dois anos de antecedência para eleger uma candidata do Presidente, assume um caráter eleitoreiro.
A propósito, desistí de fazer um mestrado em educação. Vou fazer uma graduação em Tecnologia da Informação, cujo salário inicial é superior ao salário de um Doutor em educação.
Mais detalhes podem ser lidos na coluna de Gilberto Dimenstein, na Folhaonline.
A atual crise no ensino público, resultado décadas de sucateamento progressivo das instituições de ensino por falta de investimentos e de políticas públicas, chegou a níveis alarmantes: alunos que concluem os primeiros ciclos da educação básica sem ser plenamente alfabetizados, analfabetos funcionais com certificado de ensino médio, elevados índices de repetência e de evasão escolar, vagas em universidades federais sem ser preenchidas por falta de pontuação, baixa qualidade do ensino superior público, despreparo dos professores, etc.
É facil apontar o principal culpado: o professor, claro (?)! Esse pobre coitado que, apesar de possuir curso superior, muitas vezes uma pós-graguação (isso apenas para conseguir um posto de trabalho), recebe o menor salário para um cargo de 3º grau do país, que para conseguir sobreviver tem que encarar jornada dupla ou tripla e que muitas vezes não conta com condições mínimas de trabalho. Não é de admirar que pouco tempo lhe reste para investir em requalificação.
Pobre do professor, não tem nem sequer direito a fazer greve para pressionar a administração, pois esta é considerada imediatamente ilegal, visto que a criança tem o direito de frequentar a escola. Sem falar no alto número de profissionais que trabalham em regime de designação temporária, cujo contrato pode ser cessado a qualquer momento sem que para tanto seja necessário um motivo grave (até mesmo a aderência a greve serve). E sem FGTS. É de se esperar que esse profissional não seja muito engajado em movimentos de luta por direitos da categoria.
É um paradoxo: a educação é considerada um serviço essencial, mas a qualidade deste serviço não é.
Faz sentido. O objetivo dos atuais investimentos na educação pública é gerar estatísticas, que por definição são um aspecto quantitativo, e não qualitativo. O governo paga por aquilo que quer, nada além.
Tendo que lidar com a extensão do ensino fundamental em um ano (ensino fundamental de 9 anos), para a qual as administrações municipais e estaduais tiveram 5 anos para se preparar (e não se prepararam), a perspectiva de um aumento da obrigatoriedade escolar para o novo patamar proposto assume ares de um armagedon.
O resultado? A menos que o aumento de ingressos na rede escolar seja acompanhado de investimentos na mesma proporção, o que parece improvável, haverá uma superlotação nas escolas e nova queda na qualidade de ensino público. Para os professores isso resultará num aumento de trabalho (mais alunos por sala) sem aumento de salário, ou seja, diminuição salarial.
A medida do governo, às vésperas de uma eleição presidencial, cuja propaganda eleitoral foi iniciada de maneira informal e imoral com dois anos de antecedência para eleger uma candidata do Presidente, assume um caráter eleitoreiro.
A propósito, desistí de fazer um mestrado em educação. Vou fazer uma graduação em Tecnologia da Informação, cujo salário inicial é superior ao salário de um Doutor em educação.
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